segunda-feira, 3 de outubro de 2011

a maravilha verde



Brisa crescente, amigos!

Hoje é um dia fresco e verde no interior da floresta de Clareada. Para cá nos trouxe nosso pequeno novo guia, depois de nos fazer vestir capas e galochas que apanhou em sua casa. É verdade que eram um tanto apertadas e a capa mal pôde cobrir o Binofotomultiscópio para protegê-lo adequadamente, mas foram de grande ajuda. O pequeno levou-nos ontem até um evento que nos enfeitiçou a todos: a maravilha verde.

Nosso caminho foi uma larga trilha entre árvores verdes da raiz à última folha. Íamos banhados pela luz dourada que atravessava as copas e ouvindo a palestra de Marvin sobre as fadas, cervos de folha, insetos gigantes e lebres prateadas que vivem na floresta (estas últimas, curiosas, apresentaram-se a nós algumas vezes pelo caminho). Após pouco menos de uma hora de caminhada Von Nimbus, extasiado, apontou para uma clareira poucos metros a nossa frente. Uma gigantesca sequorosa erguia-se imponente. Era tão verde e robusta como as outras árvores que havíamos visto, mas de acordo com a maneira como a luz incidia sobre sua superfície, sua forma oscilava levemente, como se estivesse sob a água.

Valentina foi a primeira a experimentar o toque na verde casca e algo inimaginável aconteceu: sua mão atravessou a superfície! Diante de nossas estupefatas feições, Marvin soltou uma gostosa gargalhada e, correndo, atirou-se contra o tronco, sumindo em seguida dentro dele. Valentina, que também ria, prontamente o seguiu. Cedi a preferência a Von Nimbus, mas como ele a devolvesse a mim, antes que tomássemos uma posição por nós mesmos, uma metade do corpo de Marvin saiu para fora da árvore e nos puxou para dentro…

E que belo salão lá encontramos! O interior do tronco era imenso, com anéis de água concêntricos que partiam enormes desde a casca e diminuíam até chegar ao centro, entrecortados por uma garoa que subia delicadamente do chão. Estávamos dentro da primeira árvore de Clareada! Generosa, ela nos sussurrava suas memórias sobre seu crescimento, sobre as gerações de famílias de pássaros que nela moraram, sobre os casais de namorados que juraram amor sob sua proteção, a sensação de florir pela primeira vez… Também disse coisas sobre conversas que ouvia na floresta, histórias trazidas por outras árvores, às vezes carregadas pelo vento. Quanto mais nos aproximávamos do centro, mais antigas eram suas lembranças e, assim como uma memória humana, mais esparsos e aleatórios eram os contos sussurrados. Nos anéis mais externos, soava uma melodia em fá, forte, fresca e fantástica!

Lá estivemos durante horas, inebriados pelas suas palavras. Até que a garoa que subia tornou-se mais intensa, repleta de grossos fios luminosos. Encantados por eles, agarramo-nos às suas pontas e eles levaram todos ali presentes para o topo da árvore, de onde nos lançaram para a noite densa. Os pássaros todos já nos esperavam ali e levaram a todos em segurança para baixo.

Agradecemos o convite de Marvin para passarmos a noite em sua pequena casa, mas preferimos passar alguns dias na floresta, conhecendo melhor os personagens das histórias que a sequorosa compartilhou conosco.

E cá estamos, explorando os encantos deste verde abrigo…

Até o próximo agitar de copas, amigos!



ficou curioso? A sequorosa é uma grande árvore do Reino da Sublimação, muito semelhante às sequóias que temos no Chão.

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