quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O NICO DESAPARECEU!

Tufão gelado, amigos de exploração...

Não sei se vou conseguir escrever direito, a preocupação é enorme, as imagens na minha cabeça não param de girar... O Nico, meu irmãozinho do chapéu engraçado, sumiu. Acho que trouxe um pedaço de Clareada nos meus olhos, eles não param de chover...

Eu lembro de estar com meu irmão sobre a Tôca. A música que os cristais liberavam estava tão, mas tão alta, que eu não conseguia mais entender o que meu irmão falava. Eu não entendia mais nada na verdade, era como se tudo estivesse dissolvendo. Pouco depois, atentei para a superfície da nuvem e percebi que, de fato, os cristais estavam se desfazendo. As pedrinhas transformaram-se em muita água, muita água mesmo, mas muita, mesmo, rios nasciam abaixo de nós. O Nico estava tão feliz...

Pois bem, preciso continuar escrevendo. Além de muita água, os rios traziam os moradores de Clareada. Todos estavam muito felizes, lembro de ter ouvido coisas do tipo "Feliz nem passarinho de pena azul é mais!", esses clareados sabem mesmo achar graça das coisas.

Clareada diminuia de tamanho rapidamente, os relâmpagos de Celina não paravam de relampear, nem a água de aguar. Estávamos ainda sobre a Tôca, quando vimos uma revoada de pássaros iguais a ela e ao Heitor surgirem. Quer dizer, não tão iguais, cada um tinha uma combinação própria de cores e um porte mais rígido ou relaxado. Mas todos eram gigantescos, velozes e ligeiramente luminosos. Eles faziam acrobacias sincronizadas pelo céu, as cores se combinavam de um jeito tão lindo! Estávamos maravilhados com as aves até percebermos que todas elas estavam derrubando seus passageiros próximos aos rios para poderem voar com mais liberdade. Tôca e Heitor não fizeram diferente e quando dei por mim, estava caída no colo de uma senhora sorridente que usava um chapéu cheio de galhos de purim-purim.

O que aconteceu depois disso foi muito rápido. Eu acabei caindo em um rio, como todos os habitantes de Clareada. Mas nenhum de nós sentia medo, pelo contrário, estávamos todos inundados em tranquilidade. Era como se nossos corpos estivessem muito leves, chovendo e misturando-se uns aos outros, formando um único ser vivo e molhado. Ao olhar para baixo eu conseguia ver o mar, olhando para cima, nossa amada nuvem já estava praticamente desaparecida. Encontrei Von Nimbus na queda e nos despedimos com promessas de vento breve. Comecei a me sentir mais pesada e percebi que caía com mais velocidade. Os pássaros iniciaram o resgate e Toquinha me encontrou rapidinho. Mas ainda não encontramos o Nico, só o trambolho do chapéu dele...

Agora eu estou de volta à casa dos meus pais. Estou tentando descobrir como mexer nesse trambolho para mostrar às pessoas o que meu irmão descobriu em Clareada. Por enquanto, só consegui acessar o último registro que ele fez:

"Minha velocidade de queda está aumentando vertiginosamente. Por algum motivo misterioso, minha aceleração é muito maior que a dos outros. Se Tôca Pitoca não me encontrar em poucos segundos, temo que não resistirei ao choque com a água". 

Ai, vou chover de novo...

Clareada tem um ditado popular que diz "Tem raio que me engana. Em vez de água, cai banana." Ou seja, nem sempre as coisas são do jeito que parecem ser. Por mais que o registro do trambolho seja desanimador, algo me diz que meu irmão está bem. Enquanto isso, vou procurar pelos registros da Maravilha Laranja, a última de Clareada. Já venho contar para vocês.

Brisa breve,

Valentina

Um comentário:

  1. Fique tranquila, Valentina, logo você encontrará o Nico. Bem ele está! Pode ser que alguma água dispersa o tenha deixado invisível, mas ele não está longe.

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